Introduçao| |
0 relaxamento está na ordem do dia.
Atualmente este termo parece englobar todo um conceito que funciona como antídoto ideal contra os malefícios de uma época perturbada, atormentada pela angústia de um futuro incerto e difícil.
0 homem moderno, incessantemente solicitado por um excesso de excitações sensoriais e afetivas de todo tipo (ruídos, imprensa, publicidade, rádio e televisão) procura nas chamadas técnicas de relaxamento um porto de paz onde possa conservar ou reencontrar sua integridade física, mental e moral constantemente ameaçada, manter sua flexibilidade de adaptação no campo emocional, constantemente solicitado pela aceleração do progresso.
A leitura do livro de Bernard Auriol demonstra sobejamente que tais técnicas abrangem numerosos procedimentos, diferentes e até mesmo heterogêneos quando comparados entre si.
0 relaxamento, a procura de uma certa tranqüilidade mental, está na base de métodos muito antigos, pois o homem sempre aspirou ao repouso e procurou meios para consegui lo.
Analisando se os métodos atuais, observa se que existem, em princípio, três grandes técnicas de indução que facultam esse estado de tranqüilidade e repouso, e que atuam ora isoladamente ora associadas:
uma técnica de abordagem mental propriamente dita, que consiste em induzir um estado de tranqüilidade através de um mecanismo de repetição mental de um significante (por exemplo, a palavra “one” no método de Benson);
uma técnica de trabalho sobre os elementos da seqüência: contração descontração muscular, que busca a percepção da descontração muscular (por exemplo, a técnica de Jacobson);
uma abordagem baseada em um trabalho mais global sobre a imagem do corpo; pode ser um trabalho estático (como na técnica do Treinamento Autógeno) ou dinâmico (por exemplo, a Eutonia de Gerda Alexander).
Todas essas técnicas de indução levam a um estado chamado de relaxamento, cujas semelhanças são muito mais numerosas que as diferenças.
Esse estado mental de relaxamento aproxima se muito do que nossa cultura psicoterapêutica (que resulta diretamente da experiência médica de~ hipnose) descreve com o nome geral de estado hipnóide; sua utilização constitui possivelmente o próprio fundamento da maior parte dos métodos de relaxamento.
Esse estado de quietude obtido por diferentes meios pode ser utilizado sem alteração, sobretudo a título educativo e de higiene psíquica, para combater os múltiplos males da vida cotidiana, Ele também pode representar para o psicoterapeuta o ponto de partida e a base psicofisiológica e relacional para um trabalho de reconstrução, reeducação e equilíbrio da personalidade como um todo:
. tanto no vasto campo da medicina funcional, em perturbações dos grandes sistemas orgânicos da vida vegetativa (coração, respiração, tubo digestivo, etc.),
como ao nível de técnicas de meditação que auxiliam o indivíduo a discernir sua problemática pessoal e a enfrentar seus conflitos interiores, seja descobrindo os e trabalhando os (por exemplo, no ciclo superior do Treinamento Autógeno ou no Sonho Acordado Dirigido), seja reeducando-os diretamente pela alteração dos esquemas de comportamento que envolvem tais problemas (terapia comportamental ou formulações intencionais no Treinamento Autógeno).
Em última análise, cada método é uma combinação desses diferentes componentes fundamentais. A estrutura dessa combinação é que deverá especificar a indicação e o, campo preferencial de aplicação de cada um.
Infelizmente, a elaboração científica de tais métodos ainda não conseguiu chegar a esse nível: cada método (e isso fica evidente no livro de Bernard Auriol propõe as mesmas indicações muito gerais, deixando subentendida ou afirmando claramente sua pretensão à universalidade.
A obra de Bernard Auriol surge para auxiliar o leitor a orientar se nessa selva, apresentando lhe caminhos tanto quanto possível bem delineados.
Descrevendo de forma minuciosa e objetiva as diferentes técnicas que reivindicam em maior ou menor grau o título de relaxamento, ele vem prestar imenso serviço a todo indivíduo que estiver à procura de um método.
Ao ler este livro, o leitor poderá sentir em si mesmo o impacto da base que sustenta cada uma das diferentes técnicas. Assim, por "empatia", ele poderá orientar se em sua busca pessoal daquilo que lhe pareça melhor corresponder à sua personalidade e a seus problemas.
Todavia, convém lembrar que, em última instância, a eficácia de um método depende de quem o aplica. Muito mais do que nos métodos, é na competência de seu aplicador que se deve confiar.
Por outro lado, métodos básicos, com largo uso e longa experiência (Treinamento Autógeno e Método de Jacobson, por exemplo) convivem com métodos recentes, às vezes mal elaborados, muitas vezes construídos às pressas e insuficientemente testados quanto à eficácia.
Assim sendo, talvez se lamente que o doutor Bernard Auriol não tenha utilizado mais ativamente sua longa experiência em técnicas de relaxamento para uma crítica mais precisa sobre a confiabilidade das diversas técnicas. Porém, agindo assim, ele está dando ao leitor total liberdade em sua escolha e orientação.
Para quem deseja penetrar na densa floresta dos métodos de relaxamento, este livro constitui o primeiro guia que lhe permite primeiro informar se, para depois se orientar da melhor forma possível em função, de suas necessidades.
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