0 MÉTODO VITTOZ

CAPITULO XI

 

Dr Bernard Auriol

 

 

 

 



 

    Em 1907, Vittoz propôs uma técnica para o tratamento das neuroses do tipo psicastênica: fadiga, “manias", distúrbios físicos ditos "neu­rovegetativos" etc. Ele admite que a origem desses sintomas não deve ser procurada apenas no inconsciente, mas sobretudo em uma falta de harmonia entre consciente e inconsciente. Para restabelecer a saúde, seria suficiente reestabelecer essa unidade perdida. Seu método seria um contraponto e às vezes um complemento do método analítico; ele procura reforçar o "controle cerebral" sobre um campo unificado do organismo, exercendo as potencialidades do consciente.

Ele destaca inicialmente como a falta de controle do consciente sobre o inconsciente se traduz freqüentemente por todo tipo de moléstias físicas: "Quando um órgão é mais especialmente alterado pela insuficiência do controle, os sintomas puramente psíquicos parecem atenuar se, e o doente atribui todos esses distúrbios ao órgão atingido. Na realidade, esta atenuação é ilusória, pois os sintomas estão mascarados, e reaparecem com a mesma intensidade assim que ocorre uma melhora dos distúrbios orgânicos[1]" . Nos neuróticos a falta de controle se traduz em fadiga, em sentimentos de inferioridade, angústia, falta de vontade, fobias e obsessões.

Ele descreve uma técnica para captar as vibrações dos músculos superficiais da região da testa e do crânio, e definir assim a natureza das perturbações do controle (hiper, hipo, instabilidade, etc.). 0 tratamento consistirá em tomar consciência dos atos, em estabelecer uma conexão entre o sentimento de querer e a sensação de agir. Consegue se que o paciente viva “no momento presente", o que lhe permite uma desconexão do lobo préfrontal do cérebro. Sabe se que a lobotomia realiza cirurgicamente essa desconexão. É difícil compreender como alguns médicos ainda podem preconizar e ordenar essa intervenção mutiladora, se procedimentos funcionais existem desde 1907. Poder se ia alegar que o método Vittoz é mais longo, mais aleatório, que podem ocorrer recaídas. Essas observações têm algum fundamento; mas uma maior dedicação à pesquisa do que à psicocirurgia teria sem dúvida demonstrado que existe uma grande variedade de técnicas utilizáveis com esse mesmo objetivo, e das quais este livro procura fazer um pequeno resumo.

Vittoz[2] pede que todo tratamento medicamentoso esteja terminado ou seja interrompido, antes de se começar a reeducação. Em seguida, ele faz um trabalho de explicação sobre a natureza dos sintomas e suas causas. Depois ensina ao cliente algumas técnicas:

 

 consciência da passividade e de seus modos;

 concentração sobre as diferentes partes do corpo (cf. o "Body feeling" de Maharishi e da Ioga);

 concentração sobre o signo do infinito;

 concentração no número um (cf. Técnica de Benson) (exercícios de dez minutos a cada duas horas);

 em seguida, exercícios de desconcentração e de eliminação das idéias patogênicas.

 

Segundo seus cálculos, bastam três meses de tratamento intensivo para se obter um resultado. Nos casos difíceis, ele recomenda rever o paciente para um tratamento de reforço, depois de alguns meses em que ele terá trabalhado sozinho. 0 grande interesse desta psicoterapia[3] está em que o terapeuta ensina ao paciente os meios para que ele progrida sozinho, por si mesmo[4].

 

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[1] R. VITTOZ, Traitement des psychonévroses par la rééducation du contrôle cérébral, Baillière, 1972 ed.

[2] R. VITTOZ, "Notes et pensées", in Le Dr Vittoz et l’angoisse moderne, Ed. Du Levaín, 1968, 2.a ed. (com bibliogr.).

[3] P. d'ESPINEY, La psychothérapie du Dr Vittoz, 1965, Téqui ed.

[4] L. BRON VELAY, Pratique de Ia méthode Vittoz, Levain, 1971; cf. também

    S. DEDET, Relaxation psychosensorielle dans Ia psychothérapie Vittoz. Epi, 1977 (bibliogr.).

 

 

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26 Novembre 2002