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1. AERO IONIZAÇÃO NEGATIVA
Omitida, tratada com ironia, ou exageradamente louvada, a aero ionização negativa vive atualmente o destino de muitas técnicas que não se enquadram na corrente dominante da medicina hospitalar e farmacêutica. Ela se baseia na antiga observação de que o clima, certos ventos, a proximidade do oceano, determinadas altitudes, têm efeitos evidentes sobre a melhora ou o agravamento de certas afecções[1]. Os ventos sul e sudoeste, por exemplo, favorecem todas as manifestações de stress, são ventos antirelaxantes; com eles aumentam os acidentes automobilísticos, os infartos do miocárdio, as crises de asma, etc. Comprovou se que esses efeitos nocivos estão ligados em grande parte à quantidade de íons positivos de oxigênio no ar[2]. As fumaças e poeiras desequilibram, neste nível, o ar das cidades modernas, muito carregado de grandes íons positivos e excessivamente pobre em íons negativos. Inversamente, a concentração de íons negativos no ar explicaria os efeitos favoráveis dos "bons climas".
A
nível experimental[3], demonstrou se que os íons negativos geram
reflexos que partem dos pulmões e penetram no sangue para favorecer os
processos de respiração celular. 0 sangue apresenta-se menos coagulável, carregado
de oxigênio diretamente utilizável; o gás carbônico é mais facilmente
eliminado. 0 sistema nervoso é dinamizado em todos os seus elementos (a nível
dos neurônios) que se tornam mais ativos e mais reativos. A serotonina tem seu
metabolismo acelerado[4].
0 sistema hormonal modifica sua atividade de maneira complexa, com um resultado
global favorável. Por exemplo, observa se um sensível aumento da
atividade sexual,
A ação dos íons negativos foi demonstrada ainda:
na asma brônquica do tipo alérgico (Boulatov,
1975: 3.000 casos)[5].
- na hipertensão arterial (Deleanu, 1969)[6];
- na úlcera gastroduodenal (Deleanu, 1962) (6);
no reumatismo articular (Katsenovitch, 1957)[7].
Segundo alguns autores, observa se 80% de bons
resultados em:
neuroses de angústia (Ucha Udab)[8];
insônias de origens diversas.
Não se ministram quantidades excessivamente grandes de
íons negativos durante um período muito longo, sob pena de agravar provisoriamente
os sintomas. Convém também escolher cuidadosamente o aparelho utilizado. Ele
deve produzir uma quantidade grande de íons e a menor possível de ozônio; este
tem um odor particular, enquanto os íons negativos são inodoros.
0 conjunto dos processos psicossomáticos relaxantes da
aero-ionização pode ser associado a diversas outras terapêuticas. Por exemplo,
pode se praticar Treinamento Autógeno[9]"
em um ambiente ionizado negativamente.
2. ELETROTERAPIA E RELAXAMENTO
Antes que a psiquiatria conhecesse os medicamentos
psicotrópicos, utilizava se muito o choque elétrico, aplicado na parte
anterior do crânio. Os nomes dados a essa técnica são muitos: na medida em que
despertava a repulsa dos pacientes, dos parentes e do público em geral, os
médicos procuraram “responder à altura”. Chamaram-na de convulsivoterapia,
eletrochoque, cura de Cerletti e Bini, narcoeletrochoque, "narcose",
N.E.C., sismoterapia, etc.). Atualmente, seu uso está praticamente abandonado
pelos hospitais psiquiátricos modernos. Alguns médicos que exercem em clínica e
em certos centros universitários ainda recorrem a ela, provavelmente por razões
didáticas e econômicas.
É inegável que freqüentemente esta técnica provoca um
evidente relaxamento em doentes que sofrem de depressão gravíssima. Em nossa
opinião ela deveria, como todas as terapias, ser aplicada somente com o pleno
consentimento do paciente (exatamente informado do que se trata) e de seu
círculo de parentes ou amigos. De fato, é comum ocorrerem, após uma série
(mesmo curta) de "sismos", distúrbios de memória de que o indivíduo
leva muitos meses para se recuperar. Além disso, a cura obtida rapidamente
geralmente é de curta duração (numerosas recaídas).
Pode se utilizar a eletricidade de outras
formas:
A dieletrólise transcerebral introduz
cálcio no cérebro com ajuda de uma corrente contínua fraca (2 amperes) ou de
corrente H.F. retificada. É utilizada no combate às contrações musculares de
origem cerebral.
No método de Le Go coloca se
um eletrodo em frente ao órgão a ser tratado, enquanto o outro é passado ao
longo da coluna vertebral. Quando se encontra uma queda da resistência elétrica
enviam se estímulos (30 Hz) que têm efeito terapêutico. Esta técnica
aproxima se da eletro-acupuntura e da vertebroterapia. 0 repercutidor de
Oudin com eletrodos de vidro provavelmente age através da excitação de pontos
de acupuntura[10].
0 eletro sono: Leduc
de Nantes[11] é o
precursor de toda uma série de pesquisas para obter uma anestesia geral que
utilizasse a eletricidade sem entretanto resultar nas convulsões do
eletrochoque ou nos perigos de superdosagem do eletrocoma. No entanto, apesar
dos numerosos trabalhos, até agora só se conseguiu obter uma anestesia estável
e não reflexa através de medicamentos[12].
Entretanto, conseguiu se descobrir um estado interessante: o eletro sono.
0 paciente não é anestesiado, mas cai em um sono que pode ser interrompido
instantaneamente, assim que se quiser. Entretanto, também nesse caso a
profundidade do sono não é perfeitamente estável[13].
Coloca se um eletrodo sobre o olho fechado e o outro sobre o mastóide
(atrás da orelha). A corrente é de pequena intensidade e de muito baixa
freqüência (inferior a 20 Hz).
0 eletro sono tem um efeito euforizante e
relaxante, sobretudo se aplicado do lado direito do crânio. A dificuldade
reside no período de instalação desse sono, que é relativamente desagradável
na primeira tentativa.
0 fato de o estado relaxado do organismo ser
acompanhado por um "reforço" do ritmo alfa e de os estados de bem aventurança
da meditação serem concomitantes de "spindlers theta" levou ao uso de
aparelhos que estimulam o encéfalo de acordo com tais ritmos (por exemplo, o
alfadina).
Pode se questionar o interesse (para uso humano)
de tais técnicas, pois existem meios simples de se obter o mesmo resultado, sem
aparelhos.
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A
corrente elétrica é utilizada
de maneira indireta nas mesas vibratórias, nos geradores de infra sons e
de ultra sons, nos banhos de raios ultravioletas (U.V.) e de infravermelhos,
nas aplicações de luz coerente por laser frio. Todas essas técnicas têm aplicações
específicas, principalmente em reumatologia. Os U.V. são úteis em casos de
espasmofilia; mas, se possível, alguns dias de férias ao sol são preferíveis.
[1] Hipócrates chegou a escrever "Os ventos são, em todas as doenças, os principais agentes; todo o resto é causa acessória", in Traité des Vents, § 15.
[2] A agitação dos animais utilizada pelos chineses para prever os tremores de terra foi confirmada nos E.U.A.. Essa agitação estaria ligada a um aumento dos aeroíons positivos, ela própria explicada, seja pela piezeletricidade produzida no solo pelas pressões tectônicas, seja pela migração de gases radioativos ionizantes do tipo rádon, por exemplo, no solo (segundo C. WEBER, in La Recherche, dez. 1977, 84, vol. 8, p. 1099).
[3] RAGER e col., Problèmes d'ionisation et d'aéro ionisation, Maloine, 1975,
[4] C. e J. RIVOLIER, “Météoropathologie humaine”, in Cahiers Sandoz, abr. 1972, n., 22, p. 38.
[5] P. BOULATOV, Asthme bronchique, tese,
Leningrado, 1947 (em russo), citada
segundo Rager, op. cit.
[6] M. DELEANU, citado por Rager,
op. cit., p. 112 e pp. 192 201.
[7] R. KATSENOVITCH, citado por Rager, op. cit., pp. 202 e s.
[8] R. UCHA UDAB e cols.; citados por Rager, op. cit., pp. 215 224.
[9] J. SICHEL e col., “Training autogène et aéro ionisation négative", in Revue de Méd. psychosom., t. 19, 1977, n.o 1, pp. 27 38.
[10] R. DAVID propõe uma estimulação elétrica da mucosa olfativa. Essa técnica não me parece apresentar real vantagem sobre a estimulação nasal por lavagem com água destilada e por meio de um Lota ou kafa (yogui). Cf. Jean DANIAUD, Précis de stimulothérapie tégumentaire, ed. de Méd. Pratique, Colombes, 1968, pp. 10 43.
[11] S. LEDUC, "L'électrisation cerebrale, Are. Electr. Med., 1903, 11, pp. 403 410.
[12] A. DJOURNO, "Anesthésie électrique", in Electrothérapie de J. DUMOULIN e col., Maloine, 1966, pp. 319 340.
[13] M. ANANEV e col., "Preliminary
data on experimental electronarcosis", in Anesthesiology, 1960, 21, 215 219; e R. SMITH e col.,
"Electronarcosis: a progress report", in Am. J. Med. Electronics, 1962, I, 308 313.