AERO IONIZAÇÃO E ELETROTERAPIA

 

CAPITULO XVII

Dr Bernard Auriol

 

 



 

1. AERO IONIZAÇÃO NEGATIVA

 

Omitida, tratada com ironia, ou exageradamente louvada, a aero ioni­zação negativa vive atualmente o destino de muitas técnicas que não se enquadram na corrente dominante da medicina hospitalar e farmacêutica. Ela se baseia na antiga observação de que o clima, certos ventos, a proximidade do oceano, determinadas altitudes, têm efeitos evidentes sobre a melhora ou o agravamento de certas afecções[1]. Os ventos sul e sudoeste, por exemplo, favorecem todas as manifestações de stress, são ventos anti­relaxantes; com eles aumentam os acidentes automobilísticos, os infartos do miocárdio, as crises de asma, etc. Comprovou se que esses efeitos nocivos estão ligados em grande parte à quantidade de íons positivos de oxigênio no ar[2]. As fumaças e poeiras desequilibram, neste nível, o ar das cidades modernas, muito carregado de grandes íons positivos e excessivamente pobre em íons negativos. Inversamente, a concentração de íons negativos no ar explicaria os efeitos favoráveis dos "bons climas".

A nível experimental[3], demonstrou se que os íons negativos geram reflexos que partem dos pulmões e penetram no sangue para favorecer os processos de respiração celular. 0 sangue apresenta-se menos coagulável, carregado de oxigênio diretamente utilizável; o gás carbônico é mais facil­mente eliminado. 0 sistema nervoso é dinamizado em todos os seus ele­mentos (a nível dos neurônios) que se tornam mais ativos e mais reativos. A serotonina tem seu metabolismo acelerado[4]. 0 sistema hormonal modifica sua atividade de maneira complexa, com um resultado global favorável. Por exemplo, observa se um sensível aumento da atividade sexual,

A ação dos íons negativos foi demonstrada ainda:

 na asma brônquica do tipo alérgico (Boulatov, 1975: 3.000 casos)[5].

- na hipertensão arterial (Deleanu, 1969)[6];    

- na úlcera gastroduodenal (Deleanu, 1962) (6);

 no reumatismo articular (Katsenovitch, 1957)[7].

Segundo alguns autores, observa se 80% de bons resultados em:

 neuroses de angústia (Ucha Udab)[8];

 insônias de origens diversas.

 

Não se ministram quantidades excessivamente grandes de íons nega­tivos durante um período muito longo, sob pena de agravar provisoria­mente os sintomas. Convém também escolher cuidadosamente o aparelho utilizado. Ele deve produzir uma quantidade grande de íons e a menor possível de ozônio; este tem um odor particular, enquanto os íons nega­tivos são inodoros.

 

0 conjunto dos processos psicossomáticos relaxantes da aero-ionização pode ser associado a diversas outras terapêuticas. Por exemplo, pode se praticar Treinamento Autógeno[9]" em um ambiente ionizado negativamente.

 

2. ELETROTERAPIA E RELAXAMENTO

 

Antes que a psiquiatria conhecesse os medicamentos psicotrópicos, utilizava se muito o choque elétrico, aplicado na parte anterior do crânio. Os nomes dados a essa técnica são muitos: na medida em que despertava a repulsa dos pacientes, dos parentes e do público em geral, os médicos procuraram “responder à altura”. Chamaram-na de convulsivoterapia, eletro­choque, cura de Cerletti e Bini, narcoeletrochoque, "narcose", N.E.C., sismo­terapia, etc.). Atualmente, seu uso está praticamente abandonado pelos hospitais psiquiátricos modernos. Alguns médicos que exercem em clínica e em certos centros universitários ainda recorrem a ela, provavelmente por razões didáticas e econômicas.

 

É inegável que freqüentemente esta técnica provoca um evidente rela­xamento em doentes que sofrem de depressão gravíssima. Em nossa opinião ela deveria, como todas as terapias, ser aplicada somente com o pleno consentimento do paciente (exatamente informado do que se trata) e de seu círculo de parentes ou amigos. De fato, é comum ocorrerem, após uma série (mesmo curta) de "sismos", distúrbios de memória de que o indivíduo leva muitos meses para se recuperar. Além disso, a cura obtida rapidamente geralmente é de curta duração (numerosas recaídas).

Pode se utilizar a eletricidade de outras formas:

 A dieletrólise transcerebral introduz cálcio no cérebro com ajuda de uma corrente contínua fraca (2 amperes) ou de corrente H.F. retificada. É utilizada no combate às contrações musculares de origem cerebral.

 No método de Le Go coloca se um eletrodo em frente ao órgão a ser tratado, enquanto o outro é passado ao longo da coluna vertebral. Quando se encontra uma queda da resistência elétrica enviam se estímulos (30 Hz) que têm efeito terapêutico. Esta técnica aproxima se da eletro-­acupuntura e da vertebroterapia. 0 repercutidor de Oudin com eletrodos de vidro provavelmente age através da excitação de pontos de acupuntura[10].

 0 eletro sono: Leduc de Nantes[11] é o precursor de toda uma série de pesquisas para obter uma anestesia geral que utilizasse a eletricidade sem entretanto resultar nas convulsões do eletrochoque ou nos perigos de superdosagem do eletrocoma. No entanto, apesar dos numerosos trabalhos, até agora só se conseguiu obter uma anestesia estável e não reflexa através de medicamentos[12]. Entretanto, conseguiu se descobrir um estado interes­sante: o eletro sono. 0 paciente não é anestesiado, mas cai em um sono que pode ser interrompido instantaneamente, assim que se quiser. Entre­tanto, também nesse caso a profundidade do sono não é perfeitamente estável[13]. Coloca se um eletrodo sobre o olho fechado e o outro sobre o mastóide (atrás da orelha). A corrente é de pequena intensidade e de muito baixa freqüência (inferior a 20 Hz).

0 eletro sono tem um efeito euforizante e relaxante, sobretudo se apli­cado do lado direito do crânio. A dificuldade reside no período de insta­lação desse sono, que é relativamente desagradável na primeira tentativa.

0 fato de o estado relaxado do organismo ser acompanhado por um "reforço" do ritmo alfa e de os estados de bem aventurança da meditação serem concomitantes de "spindlers theta" levou ao uso de aparelhos que estimulam o encéfalo de acordo com tais ritmos (por exemplo, o alfadina).

Pode se questionar o interesse (para uso humano) de tais técnicas, pois existem meios simples de se obter o mesmo resultado, sem aparelhos.

 

 

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A corrente elétrica é utilizada de maneira indireta nas mesas vibra­tórias, nos geradores de infra sons e de ultra sons, nos banhos de raios ultra­violetas (U.V.) e de infravermelhos, nas aplicações de luz coerente por laser frio. Todas essas técnicas têm aplicações específicas, principalmente em reumatologia. Os U.V. são úteis em casos de espasmofilia; mas, se possível, alguns dias de férias ao sol são preferíveis.

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Psychosonique Yogathérapie Psychanalyse & Psychothérapie Dynamique des groupes Eléments Personnels

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27 Décembre 2002

 



[1] Hipócrates chegou a escrever "Os ventos são, em todas as doenças, os princi­pais agentes; todo o resto é causa acessória", in Traité des Vents, § 15.

[2] A agitação dos animais utilizada pelos chineses para prever os tremores de terra foi confirmada nos E.U.A.. Essa agitação estaria ligada a um aumento dos aero­íons positivos, ela própria explicada, seja pela piezeletricidade produzida no solo pelas pressões tectônicas, seja pela migração de gases radioativos ionizantes do tipo rádon, por exemplo, no solo (segundo C. WEBER, in La Recherche, dez. 1977, 84, vol. 8, p. 1099).

[3] RAGER e col., Problèmes d'ionisation et d'aéro ionisation, Maloine, 1975,

[4] C. e J. RIVOLIER, “Météoropathologie humaine”, in Cahiers Sandoz, abr. 1972, n., 22, p. 38.

[5] P. BOULATOV, Asthme bronchique, tese, Leningrado, 1947 (em russo), citada segundo Rager, op. cit.

[6] M. DELEANU, citado por Rager, op. cit., p. 112 e pp. 192 201.

[7] R. KATSENOVITCH, citado por Rager, op. cit., pp. 202 e s.

[8] R. UCHA UDAB e cols.; citados por Rager, op. cit., pp. 215 224.

[9] J. SICHEL e col., “Training autogène et aéro ionisation négative", in Revue de Méd. psychosom., t. 19, 1977, n.o 1, pp. 27 38.

[10] R. DAVID propõe uma estimulação elétrica da mucosa olfativa. Essa técnica não me parece apresentar real vantagem sobre a estimulação nasal por lavagem com água destilada e por meio de um Lota ou kafa (yogui). Cf. Jean DANIAUD, Précis de stimulothérapie tégumentaire, ed. de Méd. Pratique, Colombes, 1968, pp. 10 43.

[11]  S. LEDUC, "L'électrisation cerebrale, Are. Electr. Med., 1903, 11, pp. 403 410.

[12] A. DJOURNO, "Anesthésie électrique", in Electrothérapie de J. DUMOULIN e col., Maloine, 1966, pp. 319 340.

[13] M. ANANEV e col., "Preliminary data on experimental electronarcosis", in Anesthesiology, 1960, 21, 215 219; e R. SMITH e col., "Electronarcosis: a pro­gress report", in Am. J. Med. Electronics, 1962, I, 308 313.