HIPNOSE E TREINAMENTO AUTÓGENO

 

(CAPITULO III)

 

Dr Bernard Auriol

 

 

1 A HIPNOSE

 

 



 

 

A hipnose é uma das mais antigas e eficazes entre as técnicas que permitem abolir as tensões ligadas às defesas musculares e vegetativas da angústia. Alternativamente louvada e rejeitada com desprezo pelos médicos, que a declaram capaz de tudo curar ou de nada fazer, ela suscita um inte­resse constante no público, devido à sua aparência de mistério, ao ar de magia que a envolve, à sua utilização mais ou menos mistificada no campo do music hall.

0 hipnotizador faz o indivíduo adormecer num "sono profundo" que não é realmente um sono, e cuja profundidade geralmente é pequena no começo (necessitando, em muitas pessoas, de algum treinamento para acen­tuar se). Não se trata de sono, embora o registro da atividade elétrica do cérebro possa mostrar um traço de vigilância enfraquecida [1] . Entretanto, a pessoa parece adormecida, e pode ter (mas não forçosamente) esquecido tudo ao "acordar”. Mais do que "sono", seria melhor falar de um estado de "sonambulismo", uma vez que o indivíduo é capaz (sob ordem) de se locomover e de efetuar toda espécie de atividades, simples ou complexas. Trata se de um estreitamento do campo da consciência, ou ainda, se se preferir, de um sono localizado. Especialmente, o hipnotizado pode se des­contrair ou tensionar se muscularmente, sofrer uma sugestão que tenda a deteriorar ou a melhorar seu estado de saúde. Ele pode tornar se surdo, cego, paralisado. Pode fazer nascer em seu corpo uma ferida [2] , ou impedir a aparição de uma inflamação (negativação da reação cutânea tuberculínica). Pode sarar de idéias melancólicas, de pessimismo profundo, de fobias, obsessões, ansiedade, distúrbios sexuais, distúrbios de sono, de dores reumá­ticas, de esterilidade psicogênica [3] , de enxaquecas, de distúrbios funcionais gástricos, vesiculares, cardiovasculares, respiratórios, dermatológicos [4] , etc. A hipnose é útil na enurese, nos tiques, na gagueira. Esta enumeração parcial é suficiente para mostrar o quanto tal prática poderia ser útil a muitos médicos, em muitas circunstâncias. Entretanto, a orientação "técnica" da medicina, a necessidade de agir depressa, a falta de formação, e a aparência “ocultista" da hipnose fazem com que ela seja pouco praticada [5] . Os poucos médicos e paramédicos pertencentes ao movimento "sofrológico" que se ocuparam de hipnose, após Caycedo, afastam se dessas práticas em favor de técnicas mais complexas e menos imediatamente espetaculares, que aliás estudaremos no Capítulo V.

 

As razões que levam a um abandono progressivo da hipnose por parte dos médicos parece me serem as seguintes:

1. sua aparência de magia, pouco "científica", arcaica;

2. a relação médico paciente (que é sempre marcada por uma certa dependência), apresenta essa dependência em estado de caricatura;

3. a relação é "erotizada", quer o médico o deseje ou não, quer o cliente deseje ou evite isso;

4. se associarmos 2 e 3, a hipnose se mostra como uma relação de tipo incestuosa, entre pai (médico) e filho (doente);

5. apresentam se alguns outros pretextos (talvez falsos), como o fato de os resultados não serem sempre definitivos (mas será que os medicamentos têm sempre resultados definitivos?) ou de que nem todos os indivíduos seriam hipnotizáveis (o que não é verdade) [6] . Além disso, a abolição de um sintoma pode dar lugar à aparição de um outro (e isso é verdade para muitas outras formas de terapia). Para conseguir o benefício da hipnose sem estabelecer uma relação "transferencial" maciça de dependência, algumas pessoas aprendem a se auto hipnotizar: uma parte de sua personalidade faz o papel parental (hipnotizador), o restante faz o papel de filho (hipnotizado). Assim, tais pessoas são capazes de auto sugestionar se, ou ao menos de obter um estado mais repousante, mais confortável, que compreende um certo prazer e reforça a confiança e a auto estima.

 

2. 0 CICLO INFERIOR DO TREINAMENTO AUTÓGENO

 

Schultz aperfeiçoou a técnica do Treinamento Autógeno para ensinar quem desejasse beneficiar se das vantagens da auto hipnose [7] .Depois de ter muito experimentado e interrogado as pessoas capazes de auto hipnose, ele estabeleceu as etapas úteis da aprendizagem autógena.

0 local deve ser o mais calmo possível, nem muito quente nem muito frio, em meia luz. Desligar campainha e telefone.

A preparação do paciente implica sua liberação das roupas muito diáfano apertadas (cinto, sapatos, meias, soutien, brincos, colarinho, grampos, etc.) e a eliminação, se for possível, da urina e das fezes. É preferível não ter feito uma refeição muito pesada imediatamente antes.

A posição: simplesmente sentar, ou se possível deitar em um divã. A posição sentada, que pode ser adotada em qualquer lugar, é a chamada "do cocheiro de carruagem". Não se utiliza o espaldar. As pernas ficam ligei­ramente afastadas, os antebraços repousam nas coxas, as mãos caem sobre o ângulo interno das coxas, a costa fica relativamente na vertical, como que descansando sobre si mesma, a cabeça cai para a frente. Para utilizar a posição deitada, deita se de costas, com os cotovelos ligeiramente afas­tados e as mãos também, enquanto os pés ficam para fora e não se tocam.

Antes de começar o primeiro exercício, propõe se a fórmula: "Estou inteiramente calmo”. Para algumas pessoas, essa é a primeira surpresa, a primeira dificuldade e mesmo a primeira revolta: "Quando digo isso, não me sinto calmo e isso não me acalma". Explico que esta forma não pretende ser eficaz como uma poção mágica, mas deve ser encarada como uma placa indicadora em uma estrada. A direção "Toulouse" escrita numa placa não significa que já chegamos lá; indica a direção a tomar. Da mesma forma, o caronista que carrega um cartaz escrito “Nice" não está querendo dizer que já chegou a Nice; ele utiliza o cartaz para conseguir chegar lá. Isto mostra que é inútil repetir trinta e seis vezes a fórmula, seja para se conven­cer (o que seria uma ilusão), seja para torná la eficaz (o que demoraria muito tempo e poderia resultar no inverso). Tal inutilidade [8] da repetição é válida para todas as fórmulas do Treinamento. Não se trata absolutamente do método Caué [9] .

Na primeira semana o primeiro exercício será executado três vezes por dia. Na segunda semana, o primeiro e o segundo exercício serão feitos três vezes por dia, e assim por diante.

1.° exercício

A fórmula utilizada é: "0 meu braço direito (ou esquerdo) está total­mente pesado". Deve ser pronunciada interiormente, apenas uma vez (basta se fazer presente no braço, sem se esforçar para evitar as distrações; elas são normais, e seu aparecimento não significa um fracasso). 0 paciente pode recorrer ao auxílio de uma imagem visual, como a de um braço de chumbo, ou sonora, como a de um gongo ou do som de um baixo [10] . Este primeiro exercício durará apenas um minuto ou dois, mas deverá ser executado regularmente, sem nenhuma falha, três vezes por dia. No final da sessão (e isto vale para toda a aprendizagem e depois), deve haver uma "retomada". Ela deve ser fielmente executada, a fim de se retornar do estado um tanto diáfano do relaxamento para uma vigilância bem ancorada no real. Só é omitida quando o exercício é feito na cama, como introdução ao sono da sesta ou da noite. Esta retomada consiste (Schultz) em dobrar e estender energicamente os braços, três vezes seguidas. Depois executa se uma longa respiração, e finalmente pode se abrir os olhos e abandonar o divã ou a cadeira. Eventualmente propõe se uma retomada mais progressiva [11] . Tratase então de executar, em uma única falange de um dedo de uma só mão, o menor movimento que se possa imaginar. Funciona geralmente como uma espécie de disparador a meio caminho entre o voluntário e o involuntário.

Se o indivíduo tiver tempo, poderá praticar esse movimento incoativo em todos os locais do corpo. Ele estará assim conseguindo, progressivamente, a ativação  de todos os segmentos ósseos com uma amplitude cada vez maior, fazendo intervirem sucessivos "quanta" de mobilização [12] . Pede se ao indi­víduo que anote, após cada sessão efetuada em casa, o que aconteceu, as

sensações que sentiu, e tudo o mais que lhe parecer interessante.

 

**************

 

Praticado regularmente, este exercício provoca, nos melhores casos, uma sensação de peso no braço direito já desde a primeira sessão, e a percepção desse peso em outros locais nos dias seguintes. já é indício de uma boa descontração, que o terapeuta pode controlar movendo

ligeiramente o braço. Em certos casos, os resultados demoram para aparecer.

Não há motivo para preocupação, pois o relaxamento chega sempre, contanto que os exercícios sejam efetuados com regularidade e perseverança.

Conforme o caso, o monitor insistirá no primeiro exercício, esperando que o indivíduo obtenha uma certa descontração muscular, ou passará a fór­mulas de generalização e aos exercícios seguintes, caso perceba uma resistência muito grande à sensação de peso. Quando o indivíduo consegue venciar sem nenhum problema sua descontração, permite se que ele prolongue o exercício pelo tempo que desejar, sem que isso ocasione qualquer distúrbio.

 

2° exercício

 

A fórmula proposta será: "Meu braço direito (ou esquerdo) está totalmente quente". A pessoa poderá simultaneamente recorrer ao auxílio da imaginação, visualizando seu braço aquecido (pelo fogo no inverno, pelo sol na praia, etc.). Também aqui é impossível forçar as coisas. Basta esperar pacientemente que a sensação ocorra. Ela pode começar em um pequeno ponto do braço, no braço todo ou em uma outra parte do corpo. Às vezes, o indivíduo sentiu o calor durante os exercícios de peso. Pode se medir um aumento de um grau a um grau e meio na temperatura da pele. Ele se deve ao aumento da circulação sangüínea no local.

 

3.° exercício

 

Pode ser executado como 4.°exercício, sobretudo nos casos em que a angústia se localiza principalmente a nível cardíaco.

Visualiza se o coração e sentem se seus batimentos, ou o batimento do sangue em qualquer lugar do corpo. Diz se interiormente: "Meu coração está batendo calmamente" (Geissman e Durand de Bousingen). Basta per­ceber os batimentos, sem tentar diminuir seu ritmo (que de fato vai se tornando mais lento, como mostram os estudos eletrocardiográficos).

 

4.° exercício

Também faz o indivíduo sentir se respirando, sem agir sobre o ritmo ou a intensidade da respiração. Pronuncia se interiormente: "Minha respi­ração está totalmente calma”, ou ainda: “Isto respira" (Schultz Geissman e Durand de Bousingen).

 

5.° exercício

Imagina se uma sensação de calor no plexo solar e diz se: “Meu plexo solar está irradiando um suave calor" [13] .

 

6.° exercício

"Minha testa está agradavelmente fresca". Imagina se o frescor que a testa sente quando uma suave brisa sopra no verão.

 

***************

A aprendizagem do ciclo inferior do Treinamento Autógeno exige em média um a seis meses de exercícios. 0 indivíduo pode se entregar ao rela­xamento durante menos ou mais tempo em cada sessão (de cinco a vinte minutos). Em todas as sessões ele sente grande calma, relaxamento e distan­ciamento com relação às perturbações internas e externas [14] . Os efeitos no EEG ainda não foram totalmente estudados. Conforme o caso, pode-se observar um traçado de pré sono (estágio de adormecimento), ou então uma regularização e uma leve aceleração com aumento da freqüência principal do ritmo alfa [15] .Também se observa alteração na resposta elétrica do cérebro a estimulações variadas. Essas alterações estabelecem uma nítida diferença entre o estado autógeno (concentração) e o sono, a hipnose e o estado neuro­leptizado (distratibilidade).

0 reflexo psicogalvânico (ou reação eletrodérmica) mede a capacidade da pele para conduzir a corrente elétrica. Sabe se que a emoção aumenta essa capacidade (a percepção de um ruído, por exemplo). Durante o estado autógeno, observa se uma acentuada redução desse reflexo, o que demonstra o indivíduo concentrado em seu corpo torna se menos sensível ao que acontece no mundo exterior [16] .

 

Indicações

 

Muitas vezes a simples utilização dessa técnica básica, duas a três vezes por dia, resolve problemas de espasmofilia, ansiedade ou depressão, distúrbios "funcionais" e "psicossomáticos". As vezes utilizam se fórmulas para tratar um sintoma.

G. Soubiran Bonvalot [17] destaca a utilidade do Treinamento Autógeno nos casos de esgotamento profissional de hiperativos. 0 T.A. também é utilizado em casos de esgotamento como reação a um traumatismo. Os resultados parecem menos evidentes nos hipocondríacos, nos "problemáticos”, nos "psicóticos", todavia com algum sucesso nos dois últimos casos.

As pessoas com estrutura paranóica (freqüente entre os “responsáveis", os gerentes, os contramestres, os capatazes, etc.) e as que sofrem de paranóia caracterizada (perseguição) parecem lucrar muito com esta técnica [18] .

Demangeat [19] mostrou sua utilidade nas neuroses de angústia e nas

neuroses cárdio respiratórias (sufocação, taquicardia, etc.). Luthe [20] propõe

a utilização de fórmulas organo específicas (FO.S.), em que, durante o estado de desconexão do organismo (proporcionado pelos exercícios precedentes), o paciente exercita se para se sentir pesado, quente, frio ou com este ou aquele órgão funcionando normalmente, assim como esta ou aquela função do organismo. Luthe assinala igualmente a eficácia prática de fórmulas intencionais (FI.) do tipo: "Não sinto vontade de fumar" ou "Evito comer entre as refeições". Para o introspectivo permanente: "Eu observo os outros", etc.

Se o paciente prolongar suas sessões de T.A., surge o que Luthe chama de "ab reações autógenas [21] " `, termo que designa toda espécie de experiências psíquicas e neurofisiológicas que permitem a descarga de energias localizadas em determinada zona do cérebro em conexão com esta ou aquela região do corpo e esta ou aquela experiência traumática. Vittoz já havia mencionado fenômenos semelhantes por meio de simples concentração sobre uma região determinada (emissividade [22] ).

Indicamos uma possível aproximação com o fenômeno de imposição das mãos por curandeiros, nas seitas carismáticas e na parapsicologia [23] .

Encontram se coisas similares em Ioga em Bio energia [24] (como, por exemplo, quando o indivíduo, auxiliado pelo terapeuta, se concentra em uma cicatriz). Janov também assinalou fenômenos catárticos que podem ser comparados a esses [25] ".

 Observam-se algumas modificações no esquema corporal que fazem lembrar o que experimenta o praticante de ioga avançada [26] durante o "acesso aos Siddhis” (os "poderes" da ioga): impressão de leveza, de levitação, de estar deixando o corpo, etc. Em todas as formas de meditação, de oração, de contemplação, etc. podem ocorrer fenômenos visuais, auditivos, ou modificações na forma de sentir o corpo análogas a algumas das ab reações descritas por Luthe.

 

**************

 

A nível prático, a utilização do T.A. de primeiro grau exige que o próprio terapeuta tenha vivido a experiência e que tenha tido ocasião de discutir seus primeiros tratamentos (como monitor) com um profissional experiente ou em uma situação de grupo do tipo Balint. Pode ser clínico geral, psicólogo, reeducador de psicomotricidade, fisioterapeuta, parteira, enfermeira, ou qualquer pessoa que possua conhecimentos de psicologia e a formação  didática adequada [27] .

 

 

Chapitre précédentCapitulo                    capitulo IVsuite

 

 

Google
  Web auriol.free.fr   


Psychosonique Yogathérapie Psychanalyse & Psychothérapie Dynamique des groupes Eléments Personnels

© Copyright Bernard AURIOL (email : )

18 Mai 2002

 

 

 

 

 

 

 

 

 



[1] 1. BAROLIN, segundo KRESS e RITTER, in "Hypnose en thérapeutique psychiatrique”,

E.M.C., 37820 B 50, setembro 1969, t. 5; e também L. ISRAEL e col., “Variations  E.E.G. au cours de Ia relaxation autogène et de l'hypnose", in La Relaxation, ed. Expansion, 5.a ed., 1964, pp. 123 134.

[2] 2. Os estigmas por exemplo. Esta observação nos leva à hipótese de que os "estigmas” dos místicos católicos que sucederam Francisco de Assis, são o efeito combinado de um estado de alta receptividade neurovegetativa, como na hipnose, com uma imagética mental muito acentuada sobre a paixão de Cristo. Acrescenta-se a isso um desejo de identificação com o Cristo. A Ioga ensina que os desejos espirituais se realizam quando são atualizados em estado transcendental ( samadhi).

[3] 3. Pode se encontrar um panorama bastante completo dos problemas que a hipnose

apresenta, especialmente do ponto de vista freudiano, em CHERTOK, L'Hypnose, P.B.P., n.° 76, Payot, 1965. Consultar também os trabalhos dos sofrologistas primeira-forma (hipno sofrologia) e também H.A. ABRAHAM, "The use of hyp­nosis in sterility”, Div.Obstet.Gynecol., 1971,19,n°2, pp.65 e s.; e ainda:R. V. AUGUST, "Hypnosis, an additional tool in the study of infertilIty", in Fertil., and Steril., 1959, 4, 151, citados por J. REBOUL, in La femme, le médecin et Ia stérilité, Privat Lesot, 1976, p. 21.

[4] 4. P.I. BOULE, L’hypnose et Ia suggestion dans Ia clinique des maladies internes, Doin, 1965.

[5] 5. Paradoxalmente, é em um país de racionalíssimo dogmático oficial como a URSS que ela é mais largamente utilizada, talvez devido ao fato de os pesquisadores soviéticos em psicologia pouco aceitarem as idéias novas, após 1917.

[6] De fato, como demonstrou Eysenck, a capacidade de ser hipnotizado depende de vários fatores:
 a tendência à neurose a intensifica,
 a tendência à psicose a reduz,
 existe uma faculdade ideomotora, variável de um indivíduo para outro, independente dos dois primeiros fatores, que torna solidárias de maneira menos ou mais intensa a representação e sua execução.
Estes três fatores acima relacionam se com o impacto verbal e a autoridade do pai. Os dois fatores seguintes agem na mesma direção, embora de forma menos diretamente evidente. São eles:
 o desejo inconsciente de ser hipnotizado, fascinado, destituído da paternidade de seus próprios atos em benefício do mago pai;
-  certas condições psicofisiológicas (som grave emitido por um gongo no começo do século, sons graves rotativos, freqüências puras, inferiores a 200 Hertz em uma técnica recente de analgesia dentária e obstétrica) desempenham o papel de depressor das estruturas superiores do organismo (Chakras, Ajna, Viçuda, Manipoura) que fica assim aberto a toda ação diretiva vinda do exterior ou da parte consciente mantida no indivíduo. A utilização de estimulações elétricas de baixa (Frétigny, Virel: "alphaxator") ou de muito alta freqüência (Beranger) poderia desempenhar um papel semelhante, embora não tão bem demonstrado e ainda não fisiologicamente determinado. 

[7] Cf. B. AURIOL, "Yogaterapia y entrenamiento autógeno" com. no I Congreso Mundial de Sophrología, Barcelona, 1970, publicada em Sofrologia Médica, op. cit., pp. 275 280.

[8] Todavia, muitos autores após Schultz admitem que se repita cinco ou seis vezes a fórmula.

[9] Acredito que o disco de E. COUE, Equilibre et santé, Astra, EC 001, afastará para sempre o leitor de seu método.

[10] Ver nota anterior (6) e todo o capítulo desta obra consagrada aos sons.

[11] G. GROSA, "Consideraciones sobre Ia 'fase de recuperación' ", em Sofrologia Médica, op. cit., t. 1, pp. 267 273.

[12] Ao que tudo indica  e como muitas vezes em neurofisiologia  a passagem de um grau de mobilização para outro faz se mais segundo um crescimento geométrico do que aritmético.

[13] Proponho esta formulação que reforça a imagem "solar" de preferência à fór­mula de Schultz: "meu plexo solar está inteiramente quente".

[14] Encontra se algo semelhante em muitas técnicas de relaxamento ocidentais e orientais. Entre outras, Maharishi Mahesh Yogi propõe que os indivíduos muito stressados (apesar da Meditação Transcendental) pratiquem o "Body Feeling": simples concentração passiva nas sensações corporais, semelhante ao inventário de G. ALEXANDER (cf. capítulo 7 sobre Eutonia) e a certos exercícios de M. FELDENKRAÏS, in La Conscience du Corps, Laffont, 1971, p. ex. pp. 260 e s.

[15] Segundo P. GEISSMANN, R. DURAND DE BOUSINGEN, in les Méthodes de relaxation, op. cit., pp. 190 195.

[16] A. e C. JUS, "Etudes polygraphiques de Ia Relaxation", I Congresso de Medicina Psicossomática, C. R. 2; 2, pp. 179 181.

[17] G. SOUBIRAN BONVALOT e A. BOMPARD, "Surmenage professiormel et re­laxation", in C.M., 26, XI, 1966, 88, pp. 7355 7359.

[18] Cf. R. CAHEN, "La sofrología en nuestra experiência psicoterápica", in Sof. Med., t. III, op, cit., pp. 107 136 (Barcelona).

[19] DEMANGEAT e col., "Reflexion sur le traitement des névroses d'angoisse par l’entraînement autogène de Schultz", in C.M., 29, v, 1965, 87, 22, pp. 3761 3766.

[20] W. LUTHE e col., "Autogenes Training, correlationes psychosomaticae", art. cit., 1965.

[21] W. LUTHE, Com. no IV Congresso Mundial de Psiquiatria de Madri, 1966, C.R. in Excerpta Medica International Congress Series, n.o 117, pp. 40 49.

[22] VITTOZ, Traitement des psychonévroses par la rééducation du contrôle cérébral, Baillière. 10.a ed., 1972.

[23] B. AURIOL, Yoga et Psychothérapie, Privat, 1977, pp. 166 e s. e Prolégomènes à une Yogathérapie de Groupe, Sitec, 1970, pp. 151 e s.

[24] LOWEN, Le Plaisir, Tchou, 1976; La dépression nerveuse et le corps, Tchou, 1975; La bioénergie, Tchou, 1976; Le langage du corps, Tchou, 1977; etc.

[25] A. JANOV, Le Cri Primal, Flammarion, 1975, passim.

[26] As modificações do esquema corporal são subjetivas, não observáveis por um aparelho fotográfico. Na experiência dos siddhis, a levitação (p. ex.) seria obje­tiva. Aliás, deve se notar que se trata de elevações transitórias de breve duração. Nos sidhas, elas são acompanhadas de fenômenos catárticos: gargalhadas, gritos, etc. . ..

[27] Neste ponto, minha opinião difere da de Schultz e seus discípulos imediatos, que reservam para os médicos o T.A. Não sei como encarar a atitude de Cay­cédo, que encorajou os cirurgiões dentistas, psicólogos, fisioterapeutas e enfer­meiros a praticarem a sofrologia. Isto lhe proporcionou um grande número de discípulos, uma posição sólida e uma audiência incontestável. Após conseguir tudo isso (para sobressair junto a seus colegas médicos), ele agora ataca todos aqueles que se interessaram por esta técnica a ponto de fazerem dela sua atividade principal. Segundo ele, somente os médicos deveriam chamar se sofrólogos; criou novos termos para designar os outros (queleólogos, emetrólo­gos, etc.).